7/24/2007

Somos todos iguais

Que o ser humano se revela na crise não é nenhuma novidade, muito menos que nós todos somos exatamente iguais. Enquanto nossas mazelas sociais não atingiam a burguesia, tudo parecia absolutamente normal. Bastou alguns aviões atrasarem seus pousos e decolagens e nossa "seleta população" perdeu as estribeiras. O que se vê nos aeroportos brasileiros, nos últimos tempos, é exatamente o que o pobre viu a vida toda.

Pra azar meu, tenho a oportunidade de trabalhar no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde os passageiros se despem da "casca social" chamada educação e exibem seu lado menos racional, agindo como animais que são, instintivamente. Percebo a fúria de alguns deles que se molestam por atrasos, sentem-se indignados diante da morosidade na resolução dos problemas e esquecem que o Brasil sofre dessa lentidão há anos.

Enquanto advogados, médicos e jornalistas, entre outros profissionais de melhor poder aquisitivo, acotovelam-se por um lugar no primeiro vôo para São Paulo, o Zé aguarda muito mais tempo o atendimento de seu filho no posto de saúde público. É incrível que num país, como o Brasil, onde menos de 50% da população possui saneamento básico, atrasos de algumas horas em alguns aeroportos tomem tanto tempo na imprensa.

Não me entendam mal. Sou absolutamente a favor da cobertura da mídia diante desta crise aérea, entendo que isso é fundamental, assim como é fundamental a cobertura dos problemas que afetam a maior camada da população, a pobre.

Enfim, esse texto é um desabafo de quem ouve calado, por necessidade, os insultos da classe média e chora, também calado, as injustiças vividas por quem vive na perifeiria. Mais uma vez percebemos que somos todos iguais e que, realmente, o homem se mostra na crise.

PS: ESSA É A PRIMEIRA PUBLICAÇÃO DEPOIS DO ACIDENTE DA TAM. GOSTARIA DE REGISTRAR MEUS MAIS SINCEROS SENTIMENTOS AOS FAMILIARES DOS PASSAGEIROS DO VÔO 3054.

7/16/2007

21 Gramas

Texto de Guillermo Arriaga.


Quantas vidas vivemos?
Quantas vezes morremos?
Dizem que todos nós perdemos 21 gramas no exato momento da morte.
Quanto cabe em 21 gramas?
Quanto é perdido quando perdemos 21 gramas?
Quanto se vai com elas?
Quanto se ganha?
21 gramas. O peso de cinco moedas de cinco centavos. O peso de um beija-flor. Uma barra de chocolate.
Quanto pesa 21 gramas?

O mexicano Guillermo Arriaga já teve seu nariz 13 vezes quebrado. Oriundo de um bairro violentíssimo da Cidade do México, tem, justamente, a violência como a tônica de suas histórias. Ele acredita que só "quando temos noção da morte é que passamos a valorizar a vida". O filme, que tem o mesmo nome de seu livro, 21 gramas, retrata a valorização da vida diante da morte, atualmente tão cotidiana em nossa vida.

"Mandoquilando"

Fora a sacolada de gols que os comandados de Dunga tocaram nos hermanitos, que pensaram que o jogo já estava ganho, o que mais me marcou foi a forma como Robinho saiu do jogo: "mandoquilando". Essa foi a expressão do "Frei Galvão Bueno", desculpem-me o plágio descarado do Rock Gol da Mtv, o esguio craque saiu mandoquilando devido a um "encontrão", ainda no começo do jogo.

Logo após o jogo recorrí ao Houaiss para encontrar tal palavra, mandoquilando. Resultado: não econtrei. Tentei o google, nada. Wikipedia, muito menos. Depois da frustração o melhor foi relaxar e comemorar duas coisas. A primeira foi a conquista da Copa América por uma equipe que não inspirava confiança a quase ninguém, mas que na vontade sagrou-se campeã. E a segunda foi que a nossa seleção esqueceu seus calções brancos, assim como os argentinos esqueceram de jogar seu futebol, e por sorte ou compentência, pela terceira vez, fez os argentinos bailarem seu tango melancólico com mais um segundo lugar.

7/12/2007

Eu chorei com o Abreu...

Lendo alguns jornais percebi que a minha dor não foi solitária. Junto comigo um dos mais respeitados jornalistas esportivos do RS, Pedro Ernesto Denardin, e uma imensa nação de gaúchos anônimos que fecharam o semblante com a defesa do Doni. O goleiro brasileiro deu três passos pra frente, pegou o pênalti de Lugano e colocou o Brasil na final da Copa América.

Oscar Ruiz, o árbitro, fez que não viu e agora quem vê o título de longe, muito longe, são os uruguaios. Antes de apontarem o dedo pra mim e me chamarem de "herege futebolístico", preciso dizer que sou passional. Vivo de paixão. Emocionei-me ao ver deitado no chão Abreu, o ex el-loco gremista, no empate da escrete azul celeste. Meio time o abraçou e chorou por alguns segundos. Estava ali a essência do futebol, paixão. Um sentimento que move milhões por seus clubes e seleções, mas que no Brasil fica restrito aos clubes.

7/10/2007

O Rio é a síntese do Brasil

A "cidade maravilhosa" está imersa na miséria. Uma aldeia burguesa rodeada por favelas. O Rio de Janeiro é uma síntese de tudo que há de "melhor" e pior no Brasil. De melhor uma das baías mais lindas do mundo, chamada Guanabara. De pior uma lista imensa, mas fico com o famoso jeitinho brasileiro, que tem uma semelhança indissociável da malandragem carioca.

Atualmente temos a Vila Olímpica do Pan, que é o retrato da desiguldade social do país. Acredito que não haja na América Latina complexo esportivo mais moderno que o nosso, assim como não há um complexo de favelas tão imenso em nenhum outro lugar no continente.

Quando digo que o Rio está imerso na miséria é muito mais que uma questão financeira. Os cariocas sofrem de uma anemia intelectual assustadora. Enquanto a Força Nacional segue sua rotina de mantança de negros e pobres nas favelas, os filhos da burguesia seguem sua sina de espancar mulheres, com a ridícula desculpa de que tais mulheres são prostitutas.

Honestamente não tenho nada contra os cariocas, apenas lamento que uma das cidades mais conhecidas do país tenha sido e, ainda, seja palco de episódios lamentáveis. A disneylandia tupiniquim fica por conta do Projac, onde a vida é linda e bela como na novela das oito. Porém a vida é 24h e atrás dos muros existe um mundo real cheio de desigualdades, que serve melhor de retrato a triste realidade brasileira.

7/08/2007

Calções brancos...

"- Esse calção da seleção não é bonito.", assim disse Galvão Bueno, durante a transmissão de Brasil e Chile, no sábado, 08. Entre dormindo e acordado tentava assistir ao jogo, mas o futebol da seleção há muito não me empolga. Entretanto, a escrete canarinho aplicou uma, desculpe-me o clichê, sonora goleada de 5 a 1 nos chilenos.

Que o Galvão fala bobagens isso não é nenhuma novidade. Seu comentário sobre os calções brancos nada me espantaram, o que me espanta é falta de paixão que essa seleção desperta nos brasileiros, a tal ponto do futebol ficar em segundo plano e a moda tomar conta do debate. A migração de atletas para a Europa mercantilizou o esporte, jogadores milhonários ilustram listas das celebridades mais bem pagas do mundo e o "amor pela camisa" já virou coisa de careta.

Sou antigo, careta e apaixonado. Uma espécie de amor à moda antiga, mas não pela seleção, pelo Grêmio. Meu time não tem um futebol encantador, mas já ganhou muito título na vontade e no apoio da torcida. Meu time não tem muito dinheiro , mas tem vontade, que falta para a seleção. No entanto, a seleção tem calções brancos o que não faz falta nenhuma para o Grêmio.

7/02/2007

Uma bosta...

" achei uma bosta mas tudo bem".. esse é o último comentário que recebi no meu blog.

Fiz questão de copiar e colar, para não cometer injustiças. A única coisa que me ocorre neste momento é um episódio do Chaves.

Tenho um texto de bosta, mas e daí?
Sou um jornalista de meia tigela , mas e daí?
Gosto de cães e acho eles, as vezes (quase sempre), mais agradáveis que alguns humanos, mas e daí?
Adoro ver qualquer programa do Chaves pela enézima vez, mas e daí?
Isso é chamado "baixa cultura" (embora eu não acredite nessa bobagem), mas e daí?
Tenho erros em quase tudo que faço, mas e daí?

O negócio é não esquentar a cabeça e tocar a vida, porque o que dá graça são erros.

Tenho apenas uma sugestão: quando for criticar alguém, usem o português de maneira adequada. É importante colocar a vírgula antes do "mas", já que é exigido para dar idéia de condição. Última coisa. É feio criticar e não colocar o nome, por favor jamais cometam essa gafe.