8/01/2007

Silêncio e som

"Somos feitos de silêncio e som", alguém escreveu isso no msn. Assim como alguém comentou no blog que a consciência pesava 21 gramas quando apaixonada. Discordo em proporção. No meu caso, a consciência pesa 21 toneladas, quando apaixonado. Nossa vida, seja sentimental ou não, é uma sucessão de silêncios e sons. Uns calam por necessidade, outros por medo ou quem sabe por comodismo.

Mas falar nem sempre é suficiente, ou melhor, quase nunca é suficiente. É preciso agir. E agir é conjugar silêncios e sons de forma harmoniosa, como numa orquestra. Ser o maestro da própria vida é fazer o arranjo certo para cada ocasião. Acertar nem sempre é possível. E para os erros, o ideal é silenciar. Porque como disse o poeta: "O silêncio é a união de todas as palavras juntas."

7/24/2007

Somos todos iguais

Que o ser humano se revela na crise não é nenhuma novidade, muito menos que nós todos somos exatamente iguais. Enquanto nossas mazelas sociais não atingiam a burguesia, tudo parecia absolutamente normal. Bastou alguns aviões atrasarem seus pousos e decolagens e nossa "seleta população" perdeu as estribeiras. O que se vê nos aeroportos brasileiros, nos últimos tempos, é exatamente o que o pobre viu a vida toda.

Pra azar meu, tenho a oportunidade de trabalhar no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde os passageiros se despem da "casca social" chamada educação e exibem seu lado menos racional, agindo como animais que são, instintivamente. Percebo a fúria de alguns deles que se molestam por atrasos, sentem-se indignados diante da morosidade na resolução dos problemas e esquecem que o Brasil sofre dessa lentidão há anos.

Enquanto advogados, médicos e jornalistas, entre outros profissionais de melhor poder aquisitivo, acotovelam-se por um lugar no primeiro vôo para São Paulo, o Zé aguarda muito mais tempo o atendimento de seu filho no posto de saúde público. É incrível que num país, como o Brasil, onde menos de 50% da população possui saneamento básico, atrasos de algumas horas em alguns aeroportos tomem tanto tempo na imprensa.

Não me entendam mal. Sou absolutamente a favor da cobertura da mídia diante desta crise aérea, entendo que isso é fundamental, assim como é fundamental a cobertura dos problemas que afetam a maior camada da população, a pobre.

Enfim, esse texto é um desabafo de quem ouve calado, por necessidade, os insultos da classe média e chora, também calado, as injustiças vividas por quem vive na perifeiria. Mais uma vez percebemos que somos todos iguais e que, realmente, o homem se mostra na crise.

PS: ESSA É A PRIMEIRA PUBLICAÇÃO DEPOIS DO ACIDENTE DA TAM. GOSTARIA DE REGISTRAR MEUS MAIS SINCEROS SENTIMENTOS AOS FAMILIARES DOS PASSAGEIROS DO VÔO 3054.

7/16/2007

21 Gramas

Texto de Guillermo Arriaga.


Quantas vidas vivemos?
Quantas vezes morremos?
Dizem que todos nós perdemos 21 gramas no exato momento da morte.
Quanto cabe em 21 gramas?
Quanto é perdido quando perdemos 21 gramas?
Quanto se vai com elas?
Quanto se ganha?
21 gramas. O peso de cinco moedas de cinco centavos. O peso de um beija-flor. Uma barra de chocolate.
Quanto pesa 21 gramas?

O mexicano Guillermo Arriaga já teve seu nariz 13 vezes quebrado. Oriundo de um bairro violentíssimo da Cidade do México, tem, justamente, a violência como a tônica de suas histórias. Ele acredita que só "quando temos noção da morte é que passamos a valorizar a vida". O filme, que tem o mesmo nome de seu livro, 21 gramas, retrata a valorização da vida diante da morte, atualmente tão cotidiana em nossa vida.